Como este governo bem sabe, as trincheiras também se aguentam no campo das palavras. Não admira que a formação de gente como Portas seja o pós-modernismo aplicado do Independente ou da Kapa. Multiplicar os significados já foi uma boa maneira de subverter dogmas. Agora, é só uma maneira de fugir, à maneira da lula ou do choco, deixando atrás de si uma nuvem de tinta de duplos, triplos, quádruplos sentidos.
Veja-se como João Miguel Tavares, um Miguel Esteves Cardoso de marca branca, se tenta escapar à designação de neoliberal, sem se aperceber que o nome é apenas uma maneira de abreviar um conjunto de políticas lesivas com as quais ele nunca escondeu concordar.
Assim, volto a insistir: numa era de privatizações impostas à má fila, o termo “Arte Pública” devia ser um campo de batalha. Em vez disso, serve apenas para descrever coisas feitas ao ar livre. E a EDP privatiza-se e faz roteiros de Arte Pública. E artistas altamente patrocinados, como Joana Vasconcelos, também fazem Arte Pública. E também aqui se opera uma subtil privatização.
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